Desafios jurídicos na era digital: privacidade e segurança de dados. Na era digital em que vivemos, a quantidade de dados pessoais e informações confidenciais que são coletadas, armazenadas e processadas é impressionante. Com o avanço da tecnologia e o crescente uso de dispositivos conectados, aplicativos móveis, redes sociais e serviços online, a privacidade e a segurança dos dados tornaram-se uma preocupação central para indivíduos, empresas e governos em todo o mundo. Assim, surgem diversos desafios jurídicos que precisam ser enfrentados para garantir a proteção adequada dos dados na era digital.
À medida que as informações pessoais são compartilhadas e transferidas em um ritmo acelerado, é essencial que haja um marco legal sólido para proteger a privacidade das pessoas e estabelecer limites claros para a coleta e o uso dos dados. Governos em todo o mundo têm implementado legislações específicas nesse sentido, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) na União Europeia e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil. Essas leis visam estabelecer direitos e responsabilidades transparentes para os controladores e processadores de dados, além de impor sanções rigorosas em caso de violações.
No entanto, a conformidade com essas regulamentações e a proteção efetiva da privacidade e segurança dos dados não são tarefas simples. A evolução tecnológica constante e as práticas de coleta e análise de dados cada vez mais sofisticadas apresentam desafios adicionais. A computação em nuvem, o uso da inteligência artificial e do aprendizado de máquina, bem como os crescentes ataques cibernéticos, são apenas algumas das áreas que exigem uma análise aprofundada e atualização constante das práticas jurídicas.
Neste artigo, vamos explorar os desafios jurídicos na era digital relacionados à privacidade e segurança de dados. Abordaremos os principais temas que envolvem a proteção de dados, desde a legislação de privacidade existente até as questões específicas relacionadas à computação em nuvem, serviços online, inteligência artificial e cibersegurança. Discutiremos as implicações jurídicas, as melhores práticas e as soluções inovadoras para enfrentar esses desafios, ajudando as empresas e indivíduos a garantir a conformidade legal e a proteção adequada dos dados pessoais.
À medida que nos aprofundamos na era digital, é fundamental entender e enfrentar os desafios jurídicos que surgem nesse novo cenário. Somente por meio de um entendimento abrangente das questões jurídicas e um compromisso contínuo com a privacidade e segurança dos dados, poderemos construir um ambiente digital confiável e protegido para todos.
RESPONSABILIDADES DOS PROVEDORES E SERVIÇOS ONLINE
Os provedores de serviços desempenham um papel crucial em fornecer uma ampla gama de serviços aos usuários, desde serviços de internet e hospedagem de sites até plataformas de comércio eletrônico e redes sociais. Assim, abordamos algumas áreas importantes de responsabilidade dos provedores de serviços:
- Responsabilidade pelos serviços prestados: os provedores de serviços são responsáveis por fornecer serviços de qualidade aos usuários de acordo com os termos e condições estabelecidos. Eles devem garantir que seus serviços sejam confiáveis, seguros e estejam disponíveis de maneira consistente. Isso inclui a manutenção de infraestrutura adequada, a adoção de medidas de segurança e a resolução de quaisquer problemas ou interrupções que possam afetar negativamente a experiência do usuário.
- Responsabilidade por dados do usuário: os provedores de serviços geralmente lidam com dados pessoais dos usuários, seja através do armazenamento de informações de conta, registros de atividades ou dados de pagamento. Nesse sentido, eles têm a responsabilidade de proteger adequadamente esses dados contra acesso não autorizado, perda, roubo ou divulgação inadequada. Isso envolve a implementação de medidas de segurança apropriadas, como criptografia, proteção de firewalls e políticas de privacidade claras.
- Responsabilidade por conteúdo do usuário: em plataformas online onde os usuários podem criar, compartilhar ou interagir com conteúdo, os provedores de serviços têm a responsabilidade de estabelecer diretrizes claras e políticas para o uso adequado da plataforma. Eles devem tomar medidas para evitar a disseminação de conteúdo ilegal, difamatório, obsceno ou prejudicial, e ter mecanismos eficazes para denúncia e remoção rápida de conteúdo inadequado.
- Responsabilidade por direitos autorais e propriedade intelectual: os provedores de serviços também são responsáveis por proteger os direitos autorais e a propriedade intelectual. Eles devem estabelecer políticas e mecanismos para evitar a violação de direitos autorais e remover o conteúdo protegido por direitos autorais de acordo com as leis aplicáveis. Isso pode envolver a implementação de sistemas de filtragem, a resposta a notificações de violação de direitos autorais e a cooperação com os detentores dos direitos para resolver disputas.
- Responsabilidade por segurança cibernética: em um ambiente digital cada vez mais ameaçador, os provedores de serviços têm a responsabilidade de proteger seus sistemas e redes contra ataques cibernéticos. Eles devem implementar medidas de segurança robustas, como firewalls, sistemas de detecção de intrusões e monitoramento de segurança, para evitar o acesso não autorizado, a manipulação de dados ou o comprometimento da privacidade dos usuários.
- Responsabilidade por conformidade regulatória: os provedores de serviços também devem cumprir as regulamentações e leis aplicáveis ao seu setor. Isso inclui, por exemplo, as leis de privacidade de dados, como o GDPR na União Europeia, as leis de proteção ao consumidor e as regulamentações específicas para determinados setores, como serviços financeiros ou de saúde, bem como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil. Eles devem estar atualizados em relação às obrigações legais e adotar medidas para garantir a conformidade.
É importante observar que a extensão da responsabilidade dos provedores de serviços pode variar de acordo com a jurisdição e as regulamentações específicas em vigor. Além disso, contratos e termos de serviço também podem desempenhar um papel importante na definição da responsabilidade dos provedores de serviços em relação aos usuários.
TRATAMENTO DE DADOS EM PLATAFORMAS ONLINE
O tratamento de dados em plataformas online refere-se ao conjunto de atividades envolvidas na coleta, processamento, armazenamento e compartilhamento de informações pessoais de usuários em plataformas digitais. Aqui estão os principais aspectos a serem considerados:
- Coleta de dados: as plataformas online geralmente coletam dados pessoais dos usuários por meio de vários pontos de contato, como formulários de registro, interações com o site, aplicativos móveis ou serviços relacionados. Esses dados podem incluir informações básicas, como nome, endereço de e-mail, data de nascimento, bem como informações mais sensíveis, como preferências pessoais, histórico de compras ou dados de pagamento. É essencial que a coleta de dados seja feita de maneira legal, transparente e com base no consentimento adequado dos usuários.
- Processamento de dados: as plataformas online processam os dados coletados para várias finalidades, como fornecer os serviços solicitados, personalizar a experiência do usuário, melhorar a funcionalidade da plataforma, segmentar anúncios, realizar análises ou cumprir obrigações legais. É importante que o processamento seja realizado de acordo com as bases legais apropriadas, como o consentimento do usuário, o cumprimento de obrigações contratuais, o interesse legítimo da plataforma ou o cumprimento de requisitos legais.
- Segurança e proteção de dados: as plataformas online devem implementar medidas de segurança adequadas para proteger os dados pessoais dos usuários contra acesso não autorizado, perda, uso indevido, divulgação ou destruição. Isso pode incluir criptografia de dados, firewalls, autenticação de usuários, políticas de acesso restrito e auditorias de segurança. Além disso, as plataformas devem adotar práticas de segurança em conformidade com as regulamentações de proteção de dados, como o uso de pseudonimização ou anonimização quando apropriado.
- Políticas de privacidade: as plataformas online devem disponibilizar aos usuários uma política de privacidade clara e compreensível que descreva como os dados pessoais são coletados, usados, armazenados e compartilhados. A política de privacidade deve informar aos usuários sobre seus direitos em relação aos dados, como acessá-los, corrigi-los, excluí-los ou restringir seu processamento. É essencial que as políticas de privacidade sejam atualizadas regularmente e que os usuários sejam notificados sobre quaisquer alterações significativas.
- Compartilhamento de dados: as plataformas online podem compartilhar dados pessoais dos usuários com terceiros, como fornecedores de serviços, parceiros comerciais ou autoridades legais, dependendo das finalidades estabelecidas na política de privacidade. O compartilhamento deve ser feito de acordo com as obrigações legais e assegurando que os terceiros também apliquem medidas adequadas de segurança e proteção de dados.
- Direitos dos usuários: os usuários têm direitos importantes em relação aos seus dados pessoais, como o direito de acesso, retificação, exclusão, restrição de processamento e portabilidade de dados. As plataformas online devem permitir que os usuários exerçam esses direitos e respondam prontamente às suas solicitações. Isso pode exigir a implementação de sistemas e processos internos para lidar com as solicitações dos usuários de forma eficiente.
- Responsabilidade e conformidade regulatória: as plataformas online são responsáveis pela conformidade com as leis e regulamentações de proteção de dados aplicáveis, como o GDPR na União Europeia ou a Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia nos Estados Unidos, e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil. Isso envolve a nomeação de um Encarregado de Proteção de Dados (DPO) em certos casos, a condução de avaliações de impacto à privacidade, a resposta a incidentes de segurança de dados e a cooperação com as autoridades de proteção de dados.
Portanto, o tratamento de dados em plataformas online envolve uma série de considerações, desde a coleta e o processamento de dados até a segurança, o compartilhamento responsável e a conformidade com as regulamentações aplicáveis. As plataformas devem adotar medidas adequadas para proteger a privacidade dos usuários, ser transparentes em relação às suas práticas de tratamento de dados e fornecer aos usuários controle sobre suas informações pessoais.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E PROTEÇÃO DE DADOS: DILEMAS E SOLUÇÕES
A IA envolve o uso de algoritmos e técnicas avançadas para realizar tarefas cognitivas que normalmente exigem inteligência humana. No entanto, o uso crescente da IA também apresenta desafios em relação à privacidade e proteção de dados. Portanto, elaboramos os principais pontos a serem considerados:
- Coleta e uso de dados: a IA depende de grandes conjuntos de dados para treinar os modelos e tomar decisões. Isso levanta questões sobre a coleta de dados pessoais e como eles são usados. As organizações devem garantir que tenham bases legais válidas para coletar dados, como o consentimento informado ou o cumprimento de obrigações contratuais. Além disso, é importante garantir que os dados sejam usados apenas para os fins específicos para os quais foram coletados e que a minimização de dados seja aplicada para limitar a coleta excessiva de informações.
- Transparência e explicabilidade: a IA muitas vezes opera em algoritmos complexos e modelos de aprendizado de máquina, tornando difícil entender como as decisões são tomadas. Isso pode ser problemático em relação aos direitos dos indivíduos de saber como seus dados são usados e como as decisões são feitas. Soluções jurídicas, como o direito à explicação, têm sido propostas para garantir que as decisões tomadas por sistemas de IA sejam compreensíveis e justificáveis.
- Privacidade por design: a privacidade por design é um princípio importante ao desenvolver sistemas de IA. Envolve a incorporação de medidas de proteção de dados desde o início do processo de desenvolvimento, considerando a minimização de dados, a segurança, o acesso restrito e o anonimato sempre que possível. Ao aplicar a privacidade por design, as organizações podem mitigar os riscos de privacidade associados ao uso da IA.
- Segurança e proteção de dados: a segurança da IA é essencial para proteger os dados pessoais envolvidos. As organizações devem implementar medidas de segurança adequadas para proteger os dados contra acesso não autorizado, uso indevido ou vazamento. Isso pode incluir criptografia, autenticação de usuário, auditoria de segurança e proteção contra ataques cibernéticos.
- Viés e discriminação algorítmica: os sistemas de IA podem estar sujeitos a viés e discriminação, pois são treinados com base em conjuntos de dados que podem refletir preconceitos existentes. Isso pode ter implicações legais, pois pode violar os princípios de igualdade e não discriminação. É importante realizar auditorias regulares nos sistemas de IA para identificar e mitigar o viés algorítmico, bem como adotar medidas para promover a diversidade e a inclusão na criação dos conjuntos de dados.
- Responsabilidade e responsabilização: a responsabilidade por decisões tomadas por sistemas de IA é um tópico complexo. Quem é responsável por danos causados por uma decisão errônea ou prejudicial? É necessário definir soluções jurídicas para determinar a responsabilidade em casos de falhas de IA, incluindo a determinação de responsabilidades entre os desenvolvedores, usuários e proprietários da IA.
- Regulamentação adequada: para lidar com os dilemas e desafios jurídicos associados à IA e proteção de dados, é necessário um quadro regulatório adequado. As leis de proteção de dados devem ser atualizadas para abordar os problemas específicos da IA. Além disso, a cooperação internacional pode ser necessária para garantir a harmonização das regulamentações e abordar as preocupações globais.
Portanto, os dilemas e soluções jurídicas relacionados à IA e proteção de dados envolvem aspectos como coleta de dados, transparência, privacidade por design, segurança, viés algorítmico, responsabilidade e regulamentação adequada. É essencial desenvolver um quadro legal que promova o uso ético da IA, ao mesmo tempo em que protege os direitos e a privacidade dos indivíduos.
CIBERSEGURANÇA E PROTEÇÃO DE DADOS: ABORDAGEM JURÍDICA E MELHORES PRÁTICAS
A cibersegurança e a proteção de dados são áreas essenciais para garantir a confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações em um mundo cada vez mais digital. Assim, resolvemos abordar alguns aspectos importantes a serem considerados:
- Legislação e regulamentação: existem várias leis e regulamentações que visam proteger os dados e promover a segurança cibernética. Exemplos incluem o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) na União Europeia, a Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) no Brasil, a Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia (CCPA) nos Estados Unidos e muitas outras regulamentações nacionais e setoriais. É fundamental estar ciente das obrigações legais aplicáveis e garantir a conformidade com os requisitos específicos de cada região.
- Avaliação de riscos e gestão de segurança: a implementação de uma estratégia eficaz de cibersegurança começa com uma avaliação completa dos riscos. Isso envolve identificar ativos críticos, avaliar ameaças potenciais, vulnerabilidades e impactos, e tomar medidas para mitigar os riscos identificados. A gestão de segurança deve ser um processo contínuo, incluindo a implementação de políticas, padrões e procedimentos de segurança, além de treinamento e conscientização dos funcionários.
- Criptografia e proteção de dados: a criptografia desempenha um papel fundamental na proteção de dados confidenciais. Ao criptografar os dados, mesmo que ocorra uma violação de segurança, as informações não poderão ser acessadas sem a chave correta. É importante aplicar criptografia em várias camadas, incluindo comunicações, armazenamento de dados e em trânsito. Além disso, outras medidas de proteção, como controle de acesso, autenticação forte e segregação de funções, também devem ser implementadas para garantir a integridade dos dados.
- Prevenção de ataques cibernéticos: a prevenção de ataques cibernéticos é uma prioridade na segurança de dados. Isso inclui a implementação de firewalls, sistemas de detecção e prevenção de intrusões (IDS/IPS), filtragem de e-mails e controle de acesso a rede. Atualizações regulares de software e aplicação de patches de segurança também são fundamentais para proteger sistemas contra vulnerabilidades conhecidas.
- Monitoramento e detecção de incidentes: o monitoramento contínuo da rede e dos sistemas é crucial para detectar e responder a incidentes de segurança. A implementação de soluções de monitoramento de segurança, como SIEM (Security Information and Event Management), permite identificar atividades suspeitas e responder rapidamente a potenciais violações. Ter um plano de resposta a incidentes estabelecido é essencial para lidar efetivamente com qualquer evento de segurança que ocorra.
- Conscientização e treinamento de funcionários: os funcionários são um elemento chave na segurança de dados. É importante investir em programas de conscientização e treinamento para educar os funcionários sobre as melhores práticas de segurança cibernética, como a criação de senhas fortes, o reconhecimento de phishing e o uso seguro de dispositivos e redes. Os funcionários devem estar cientes de suas responsabilidades e das possíveis ameaças que podem enfrentar.
- Auditorias e conformidade: realizar auditorias internas e externas regulares é uma maneira eficaz de garantir a conformidade com os padrões de segurança e regulamentações aplicáveis. Isso pode incluir revisões de segurança de TI, avaliações de conformidade com as normas, como ISO 27001, e avaliações de terceiros para identificar possíveis deficiências e áreas de melhoria.
Portanto, a cibersegurança e a proteção de dados exigem uma abordagem holística que combina medidas técnicas, organizacionais e legais. Além de cumprir as obrigações legais, é fundamental implementar as melhores práticas de segurança, investir em tecnologias adequadas, educar os funcionários e manter-se atualizado sobre as últimas ameaças cibernéticas. A proteção de dados deve ser um esforço contínuo e colaborativo para garantir a segurança das informações em um mundo digital em constante evolução.
RESPONSABILIDADE JURÍDICA EM CASO DE VIOLAÇÕES DE SEGURANÇA
Quando ocorre uma violação de segurança, é fundamental compreender as implicações jurídicas e as responsabilidades das partes envolvidas. Assim, abordamos os principais pontos a serem considerados pelas empresas:
- Responsabilidade civil: em caso de violação de segurança que resulte em danos a terceiros, pode haver responsabilidade civil. Isso significa que a parte responsável pela segurança dos dados pode ser responsabilizada pelos danos causados. Os danos podem incluir perdas financeiras, danos à reputação ou outros prejuízos sofridos pelas partes afetadas. A responsabilidade civil pode ser determinada com base em negligência, violação contratual ou violação de obrigações legais, dependendo do contexto específico.
- Leis de proteção de dados: as leis de proteção de dados, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) na União Europeia e a Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) no Brasil, estabelecem obrigações específicas em relação à segurança dos dados pessoais. Em caso de violação de segurança que envolva dados pessoais, a parte responsável pode enfrentar sanções administrativas e multas substanciais. Além disso, os titulares dos dados afetados podem ter direito a compensação pelos danos sofridos.
- Divulgação e notificação de violações: muitas jurisdições têm requisitos legais específicos quanto à divulgação e notificação de violações de segurança. As organizações podem ser obrigadas a notificar as autoridades de proteção de dados e os indivíduos afetados dentro de prazos específicos, fornecendo informações detalhadas sobre a violação e as medidas tomadas para mitigar os danos. O não cumprimento desses requisitos pode resultar em penalidades adicionais.
- Responsabilidade dos terceiros: em certos casos, a violação de segurança pode envolver terceiros, como prestadores de serviços ou fornecedores. Nestas situações, é importante determinar as responsabilidades contratuais e legais das partes envolvidas. Os contratos e acordos de terceiros devem abordar claramente as obrigações de segurança, bem como a alocação de responsabilidades em caso de violações de segurança.
- Due diligence e medidas de segurança: As organizações têm a responsabilidade legal de exercer due diligence na proteção dos dados. Isso significa implementar medidas de segurança apropriadas, como criptografia, autenticação forte, controle de acesso e monitoramento contínuo, para evitar violações de segurança. A falta de medidas adequadas de segurança pode aumentar a responsabilidade legal em caso de violação.
- Investigação e cooperação: É fundamental conduzir uma investigação interna completa para determinar a extensão da violação de segurança, identificar as causas e implementar medidas corretivas. Além disso, a cooperação com as autoridades competentes, como as autoridades de proteção de dados, é essencial para cumprir as obrigações legais e responder de forma adequada à violação.
Portanto, a responsabilidade jurídica em caso de violações de segurança envolve a responsabilidade civil, a conformidade com as leis de proteção de dados, a divulgação e notificação adequadas, a responsabilidade dos terceiros, a due diligence na segurança dos dados, a investigação interna e a cooperação com as autoridades competentes. É essencial que as organizações adotem medidas adequadas de segurança, estejam cientes de suas obrigações legais e tomem ações rápidas e eficazes para lidar com violações de segurança e mitigar os danos causados.
OBRIGAÇÃO DE NOTIFICAÇÃO EM CASOS DE VIOLAÇÕES
A notificação de violações de dados é uma parte crucial da proteção da privacidade e dos direitos dos indivíduos afetados por uma violação de segurança. Aqui estão os principais pontos a serem considerados em relação às obrigações de notificação:
- Base legal: as obrigações de notificação geralmente são estabelecidas por leis e regulamentos de proteção de dados, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) na União Europeia e a Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) no Brasil. Essas leis estipulam as circunstâncias em que a notificação é necessária e as regras específicas a serem seguidas.
- Definição de violação de dados: uma violação de dados ocorre quando ocorre uma violação da segurança que leva à destruição, perda, alteração não autorizada, divulgação ou acesso não autorizado a dados pessoais. Essa definição pode variar dependendo da legislação aplicável, mas, em geral, inclui qualquer incidente que possa comprometer a segurança ou a privacidade dos dados pessoais.
- Momento da notificação: as leis de proteção de dados geralmente estabelecem prazos específicos para a notificação de violações de dados. Esses prazos podem variar de acordo com a gravidade da violação e a jurisdição aplicável. Em geral, a notificação deve ocorrer assim que possível, levando em consideração a necessidade de investigação interna e a mitigação de danos.
- Conteúdo da notificação: a notificação de violação de dados deve fornecer informações claras e concisas sobre a violação e seus impactos. Ela geralmente inclui detalhes sobre a natureza da violação, os tipos de dados afetados, o número aproximado de indivíduos afetados, as consequências prováveis da violação e as medidas que estão sendo tomadas para remediar a situação.
- Destinatários da notificação: as obrigações de notificação podem abranger várias partes interessadas, incluindo as autoridades de proteção de dados competentes e os indivíduos afetados pela violação. A legislação de proteção de dados especifica os destinatários que devem ser notificados e os critérios para determinar quando a notificação é obrigatória.
- Comunicação com os indivíduos afetados: a notificação aos indivíduos afetados geralmente requer comunicação direta com eles. Isso pode ser feito por meio de correspondência escrita, e-mail ou outros métodos adequados, dependendo das circunstâncias. A notificação deve ser clara, compreensível e fornecer orientações sobre as medidas que os indivíduos podem tomar para proteger seus dados.
- Registro de violações: é importante manter registros adequados de todas as violações de dados, incluindo detalhes sobre a violação, as medidas tomadas para mitigar o impacto e as notificações realizadas. Esses registros são importantes para fins de conformidade e demonstração de diligência em caso de auditorias ou investigações.
Portanto, é fundamental que as empresas compreendam suas obrigações de notificação em caso de violação de dados e estejam preparadas para agir rapidamente em conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis. Além disso, é importante contar com profissionais especializados em proteção de dados para garantir que as notificações sejam realizadas corretamente e em conformidade com a legislação vigente.
CONCLUSÃO: DESAFIOS JURÍDICOS NA ERA DIGITAL: PRIVACIDADE E SEGURANÇA DE DADOS
A era digital trouxe consigo uma série de desafios jurídicos, éticos e tecnológicos em relação à privacidade e segurança de dados. Ao longo deste artigo, exploramos esses desafios e discutimos abordagens para enfrentá-los de forma eficaz.
Analisamos os desafios jurídicos na era digital, destacando a necessidade de regulamentações atualizadas e adaptáveis para proteger a privacidade e segurança de dados. A implementação de leis como a GDPR e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) demonstram a importância de estabelecer diretrizes claras para o tratamento de dados pessoais.
Discutimos as questões relacionadas à privacidade de dados na era digital. Exploramos as soluções legais, como o consentimento informado e a avaliação de impacto na privacidade, bem como as soluções tecnológicas, como criptografia e controles de acesso, para proteger os dados pessoais.
Concentramos nossa atenção nos desafios jurídicos na segurança cibernética e proteção de dados. Destacamos a importância de legislações específicas, como as leis de segurança cibernética, e abordamos a necessidade de cooperação internacional e compartilhamento de informações para enfrentar as ameaças cibernéticas em constante evolução.
Portanto, a proteção da privacidade e segurança de dados na era digital requer uma abordagem multidimensional que envolve aspectos legais, éticos e tecnológicos. É essencial que governos, empresas e indivíduos reconheçam a importância dessas questões e trabalhem juntos para garantir a proteção adequada dos direitos individuais. Somente através de uma abordagem colaborativa e contínua, podemos enfrentar os desafios emergentes e promover um ambiente digital seguro e ético para todos.
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